“A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima a ocorrência de mais de um milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) por dia no planeta.

Ao ano, estima-se aproximadamente 357 milhões de novas infecções, entre HPV, clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase” Febrasgo

No Brasil este problema é bem comum e está causando um aumento significativo no número de casos confirmados de pessoas infectadas com ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).

Dados do Ministério da Saúde afirmam que a população entre 25 e 39 é a mais passível de contrair essas infecções.

E entre os jovens entre 15 e 24 anos, somente um pouco mais da metade usam preservativo nas relações com parceiros eventuais.

“Nos últimos quatro anos o aumento dessas doenças tem sido assustador, principalmente em relação à sífilis, que é uma doença fácil de tratar.

Mas está faltando diagnóstico e tratamento adequado.

O que vemos é apenas um dos parceiros sendo tratado e o outro não.

E às vezes a gestante é tratada de forma incorreta e o bebê nasce com a doença”, de acordo com a Febrasgo.

Um estudo epidemiológico sobre a prevalência nacional de infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano) constatou que das 7.586 pessoas testadas, 54,9% tinham o vírus e 38,4% apresentavam alto risco de desenvolver câncer.

Quanto ao HIV, o índice de contágio dobrou entre jovens de 15 a 19 anos, passando de 2,8 casos por 100 mil habitantes para 5,8 na última década.

Na população entre 20 e 24 anos, chegou a 21,8 casos por 100 mil habitantes.

O que são e quais são as ISTs mais comuns?

As ISTs ou Infecções Sexualmente Transmissíveis são causadas por vírus, bactérias ou outros microorganismos.

Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. 

A transmissão das ISTs também podem ocorrer de forma vertical para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação, quando medidas de prevenção não são realizadas. 

De maneira menos comum, as ISTs também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele com secreções corporais contaminadas.

A maioria das ISTs não apresentam sintomas durante os primeiros meses, ou até anos.

Dessa forma muita gente não procura um médico e acaba passando muito tempo com a doença sem descobrir que a tem, o que aumenta as chances de transmitirem para outras pessoas, no caso de terem relações sexuais sem preservativo.

Além da demora no aparecimento dos sintomas, ainda tem a questão da falta de educação sexual e de cobertura vacinal (quando existe a possibilidade de prevenção por meio de vacina).

As ISTs mais comuns são:

Herpes genital

A herpes genital é altamente contagiosa e é causada por um vírus chamado herpes simplex (HSV).

A primeira infecção por herpes costuma ser mais sintomática.

Podem ser observadas lesões vesiculosas (pequenas bolhas d’água) na região genital, dolorosas, aumento de linfonodos ou ínguas na região da virilha e até sinais sistêmicos de virose, que podem ser confundidos com uma gripe.

Com o passar do tempo, as pessoas portadoras do vírus da herpes podem apresentar quadros de reativação da doença com pouca ou nenhuma sintomatologia.

Dessa forma, acabam contaminando outras pessoas sem nem mesmo perceber.

Nas demais infecções, é comum perceber apenas as vesículas genitais, ou aumento discreto dos linfonodos.

O diagnóstico é realizado por exame clínico e pode ser confirmado por exame laboratorial.

Não existe cura para a herpes, mas ela pode ser mantida sob controle com bons hábitos de saúde e uso de medicamentos quando necessário ou prevenida por vacina.

Infecção por papilomavírus humano (HPV)

O HPV é um dos tipos mais comuns de ISTs.

Geralmente ele não apresenta sintomas, mas algumas formas dele podem causar verrugas genitais e em outras situações levar as mulheres terem um alto risco de câncer cervical.

O diagnóstico é realizado por meio de exames preventivos no colo do útero, para monitorar o aparecimento de possíveis lesões.

Por isso a realização do Papanicolau é tão importante, pois é nesse exame que conseguimos avaliar alterações que podem estar relacionadas com o câncer de colo do útero.

Existe tratamento para as verrugas genitais e medicamentos que melhoram o sistema de defesa feminino.

A vacina contra o HPV faz parte do calendário vacinal e está disponível para meninos e meninas.

Hepatite

As hepatites A, B e C são infecções virais contagiosas e que afetam o fígado. 

A hepatite B é considerada uma infecção sexualmente transmissível, mas a boa notícia é que existe vacina para preveni-la disponível no SUS.

Uma grande parte das pessoas nunca desenvolvem sinais ou sintomas da hepatite, mas para aquelas que manifestam, os sinais e os sintomas podem ocorrer várias semanas após a exposição.

Os sintomas podem incluir fadiga, náusea, vômito, desconforto abdominal (especialmente na área do fígado), perda de apetite, febre, urina escura, dores musculares ou articulares, e icterícia.

O diagnóstico é feito por meio de testes de função hepática e sorologia, para identificar o vírus.

O tratamento para hepatite pode ser feito apenas com repouso, boa alimentação e hidratação e em alguns casos, com medicamentos.

Em algumas situações pode não ter cura, e nesse pode haver necessidade de um transplante hepático

Sífilis

A sífilis é uma infecção bacteriana de órgãos genitais, pele e membranas mucosas, mas também pode envolver muitas outras partes do corpo, incluindo o cérebro e o coração

A lesão primária da sífilis (cancro) pode ser caracterizada como uma ferida com bordas elevadas e indolor, que as vezes passa despercebida.

A pessoa pode então entrar na fase de sífilis latente, na qual ela não apresenta mais sintomas, mas se mantém contaminada pela bactéria.

Nessa fase que acontece a maior parte das contaminações.

Conforme evolui a infecção, ela pode voltar a apresentar sintomas, como erupção cutânea marcada por feridas vermelhas ou marrom-avermelhadas em qualquer área do corpo, febre, linfonodos aumentados, fadiga e uma vaga sensação de desconforto.

O diagnóstico da sífilis pode ser realizado por exames diretos, como bacterioscopia ou testes imunológicos. 

A enfermidade é tratada com o uso de medicamentos e sem o tratamento, a bactéria da sífilis pode se espalhar, causando sérios danos ao organismo e até morte anos após a infecção original.

HIV

Ao ser infectado pelo HIV, a pessoa pode não apresentar sintomas ou desenvolver apenas uma doença semelhante à gripe, geralmente de duas a seis semanas após a infecção.                                                       

Os sintomas mais persistentes ou graves da infecção pelo HIV podem não aparecer por 10 anos ou mais após a infecção inicial.                       

O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral.

Hoje já existem exames laboratoriais e testes rápidos que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de poucos minutos.                                                                                        

Apesar de ainda não ter cura, é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes com um uso combinado de medicamentos que inibem a evolução da infecção.

A terapia antirretroviral (TARV) aumenta a disposição do apetite, amplia a expectativa de vida e inibe o desenvolvimento de doenças oportunistas e pode ajudar a reduzir o risco de transmissão

Clamídia

A clamídia é causada por bactérias e transmitida pela relação sexual oral, vaginal ou anal e costuma ser assintomática.

Contudo, se ela não for diagnosticada rapidamente pode causar uma série de complicações graves, como:

  • Inflamações na pelve ou na próstata;
  • Problemas nas trompas;
  • E em certos casos, infertilidade.

O tratamento é realizado com antibióticos, de acordo com o quadro do paciente.

A infecção por clamídia é uma das maiores causas de infertilidade entre as mulheres e umas das maiores causas de doença inflamatória pélvica(DIP).

Gonorreia

A gonorreia é causada por uma bactéria e é transmitida por meio da relação sexual desprotegida.

Os sintomas variam muito de paciente para paciente, podem variar desde o corrimento uretral, inflamação no colo uterino, dor na relação sexual e até DIP.

Quando se tornam aparentes muitos dos pacientes já não tem sintomas localizados de infecção mucosa.

As dores na articulações e nos tendões são os mais comuns.

Os sintomas geralmente começam a aparecer cerca de dez dias após a infecção.

O tratamento geralmente é feito com antibióticos.

ISTs como um problema de saúde pública

“Está faltando uma boa assistência voltada às ITSs. Precisamos de educação, que é a base de tudo.

Precisamos informar a população sobre os riscos da relação sexual desprotegida, sobre os riscos de excesso de parceiros.

É necessário também acesso fácil ao sistema público de saúde e nada de discriminar os pacientes, principalmente os portadores de HIV.

Talvez conseguisse diminuir esses índices, junto com uma boa assistência no sistema de saúde.

Com isso, certamente diminuiríamos os números dessas doenças” Ministério da Saúde.

Saúde pública não é uma questão somente de responsabilidade do governo, mas também das escolas e da educação doméstica.

É necessário instruir os jovens sobre educação sexual, usando uma linguagem clara e ideal para cada faixa etária, a fim de desenvolver neles um senso de responsabilidade com o seu próprio corpo e com os de quem eles irão se relacionar sexualmente.

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)


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