Muitas mulheres só começam a cuidar da alimentação quando já sabem que estão grávidas, o que não é o recomendado, pois a saúde não melhora do dia para a noite, infelizmente não funciona assim.
Durante a gestação é essencial manter uma alimentação saudável, mas antes desse período é tão importante quanto.
As deficiências nutritivas e danos causados à saúde levam meses e até anos, a depender do caso, para serem reparadas no organismo.
E esse é um assunto que na maioria das vezes não é levado em consideração e acaba sendo negligenciado pelos casais que pretendem ter filhos no futuro.
Alimentação pré gestacional
O estado nutricional da mulher que quer engravidar influencia muito no sucesso da gravidez e na saúde do bebê.
Dessa forma, é muito importante que, antes da concepção, a saúde da mulher se encontre em um estado que inclua pelo menos estes dois pontos:
Peso adequado
Além da obesidade ser um fator que prejudica a fertilidade do casal, ela também pode ter influência na própria saúde do feto e no surgimento de complicações durante a gravidez, como a diabetes gestacional.
Dessa forma, antes de engravidar, é recomendado consultar um nutricionista para que possa ser avaliada a composição corporal e o estado nutricional, e assim, elaborado um plano alimentar adequado nesta fase tão importante.
Estado nutricional
Antes da concepção as recomendações em relação a alimentação devem ser iguais para qualquer outro momento da vida, só que com algumas ressalvas em relação ao consumo de ácido fólico e iodo.
- Ácido fólico
É uma vitamina do complexo B (B9) que é fundamental no processo de multiplicação de células e na formação de proteínas.
O uso do ácido fólico no período pré-concepcional ajuda a prevenir os defeitos que podem ocorrer no fechamento do tubo neural, que é a estrutura embrionária que dará origem ao cérebro e a medula espinhal.
Esses defeitos no tubo neural acontecem bem no início da vida embrionária, quando a mulher muitas vezes nem sabe que está gestante.
Por esse motivo, para redução destes riscos, o ideal seria recomendar o uso de ácido fólico a todas as mulheres em idade fértil.
Níveis adequados de ácido fólico nem sempre são obtidos somente por meio da alimentação, por isso a necessidade da suplementação.
- Iodo
O iodo é essencial para o desenvolvimento dos órgãos do feto, sendo particularmente importante na maturação do seu sistema nervoso central, especialmente até a 20ª semana de gestação.
Assim, a suplementação dessa substância no período da pré concepção é essencial para que haja reservas logo no início da gestação.
Uma alimentação correta durante a fase inicial da vida influencia o desenvolvimento psicomotor da criança, mas também é um fator de proteção contra a obesidade, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, doenças gastrointestinais, alergias, entre outras.
Alimentação durante a gestação
Os nove meses de gestação exigem uma alimentação equilibrada, com todos os grupos alimentares, o que não significa comer exageradamente.
Mas, em determinados períodos, o consumo de certos nutrientes deve ser reforçado.
Aquela velha história de que se deve “comer por dois” durante a gestação está ultrapassada.
O correto é saber quais e a quantidade dos nutrientes que precisam ser consumidos em cada fase da gravidez, para garantir a saúde do bebê e da futura mãe.
É nesse período que a alimentação precisa ser selecionada e muito mais balanceada, com acompanhamento médico, nutricionista e de exames que devem ser feitos durante o pré-natal.
Quanto peso posso ganhar durante a gestação?
O ganho de peso adequado no primeiro trimestre da gravidez é de 1,5 a 2Kg.
A partir desta fase, é recomendado um ganho adicional de 1,5 a 2Kg por mês, para chegar ao final da gravidez com 7 a 15Kg a mais, no máximo.
Uma forma simples de saber qual deve ser o seu ganho de peso é aplicar a fórmula do Índice de Massa Corporal (IMC).
O IMC leva em conta o peso antes da gravidez:
IMC= Peso habitual antes da gestação (kg) / Altura²(m)
O peso que cada gestante pode ganhar durante a gravidez depende do peso que a mulher tinha antes de engravidar, e é comum que mulheres com IMC mais baixo ganhem mais peso durante a gestação, e que mulheres com IMC mais alto ganhem menos peso.
Alimentação como apoio no alívio de sintomas da gestação
É normal durante a gestação, na maioria dos casos, a mulher sofrer com náuseas e vômitos decorrentes dos sintomas normais da gravidez.
Esse mal-estar pode ocorrer devido a alterações hormonais que aumentam a capacidade do olfato, deixando a mulher mais sensível a determinados tipos de odores.
E nesse sentido o médico e o nutricionista podem auxiliar nos cuidados em relação à alimentação para ajudar a evitar que esses sintomas sejam tão frequentes ou tão fortes.
Alimentação no período de amamentação
Após o nascimento do bebê, a orientação é de que o bebê seja amamentado exclusivamente até o sexto mês de idade e complementado até dois anos ou mais, de acordo com as possibilidades e vontade da mãe .
O leite materno exclusivo até o sexto mês e em livre demanda é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do bebê.
O início da alimentação antes desse período deve ser desencorajado, pois pode acarretar em episódios de diarréia, desnutrição, menor absorção de nutrientes e menor tempo de aleitamento materno, comprometendo a saúde do bebê.
O leite materno possui uma grande importância, uma vez que evita mortes infantis, diarréias e infecção respiratória, reduz o risco de alergias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade, além de ter um efeito positivo no desenvolvimento cognitivo, … (são muitos!).
Não podemos deixar de destacar também o desenvolvimento de laços emocionais mais fortes entre mãe e filho através da amamentação.
Leia mais sobre o Aleitamento Materno aqui.
A partir do sexto mês, o bebê já está apto para iniciar a alimentação complementar, pois já desenvolveu os reflexos necessários para a deglutição.
Além disso, é um importante momento para estimular a alimentação saudável e preferência alimentar, criando um hábito que pode acompanhá-lo até a vida adulta.
Substâncias de efeitos negativos
Algumas substâncias podem alterar a composição do leite materno e devem ser retiradas da rotina enquanto o bebê estiver amamentando, são elas:
- A nicotina pode ter um efeito de redução na produção de leite e causar intoxicação na criança.
- O álcool pode desencadear em retardo psicológico e motor da criança e em grandes quantidades pode inibir a descida do leite.
- A cafeína tem a possibilidade de causar dificuldades no sono e hiperatividade da criança.
É bom também destacar que a deficiência de ferro pode prejudicar o crescimento e desenvolvimento normal do bebê, bem como a capacidade de aprendizagem, causando atraso no desenvolvimento da coordenação motora e da linguagem e provocando alterações comportamentais da criança.
Essas consequências podem perdurar durante a vida toda do indivíduo quando não tratadas precocemente.
Levando em conta tudo o que foi dito, uma alimentação e nutrição adequada antes da concepção , durante a gestação, amamentação e infância, tem uma importância fundamental no crescimento, desenvolvimento e saúde da criança desde o primeiro momento de vida até à velhice.
E lembrem-se sempre de seguir orientações de profissionais especializados, como o obstetra e um nutricionista, pois são eles que vão te orientar da maneira correta em todas essas fases.
Dra. Laura Roehe Costa
Médica Ginecologista e Obstetra
CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382
(O conteúdo e as informações deste post têm caráter meramente informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)
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