Nos últimos anos, cresceu o debate sobre o parto humanizado, que prega o nascimento da maneira mais fisiológica possível e dá à mulher uma boa dose de autonomia no processo. 

Justamente pelo fato de ainda vermos muitas mulheres com o seu direito de ter uma assistência de parto respeitosa negado.

O parto conhecido como “normal” é o resultado final, ou seja, todo parto que acontecer pela via vaginal é um parto normal. 

Entretanto, há algumas diferenças entre as duas nomenclaturas.

No parto normal tradicional são utilizados procedimentos e intervenções da obstetrícia clássica, considerados muitas vezes de rotina, como por exemplo: 

  • Romper a bolsa das águas entre 6 e 8 centímetros de dilatação
  • Raspagem dos pelos pubianos
  • Jejum completo de pelo menos seis horas 
  • Lavagem intestinal 
  • Administração de ocitocina
  • Restrição ao leito durante trabalho de parto 
  • Parto em posição de litotomia (deitada com as pernas apoiadas)

Então o que é o parto humanizado?

O parto humanizado é uma maneira de assistência ao parto, respeitando o processo natural e as escolhas da mulher.

Nele o atendimento é centrado nos desejos da mulher, utilizando praticamente nenhuma intervenção, apenas quando se faz estritamente necessário e com consentimento.

Além disso, a futura mamãe pode desfrutar da companhia da família em um ambiente aconchegante, caminhar, tomar banho de chuveiro ou banheira para aliviar as dores, entre outros métodos de analgesia não medicamentosa.

Parto cesárea pode ser humanizado?

Sim. É importante ter em mente que, se for do desejo da mãe ou necessidade de fato, a cesárea pode sim ser realizada de forma humanizada!

O que existe na verdade é uma forma de humanizar o parto e não um tipo de parto que se chama “parto humanizado”.

E também nem todo parto normal é humanizado, para  isso, ele precisa ocorrer de maneira fisiológica e respeitando-se os desejos maternos. 

De forma alguma pode haver  violência obstétrica.

Parir em casa, na água e sem intervenções médicas viraram sinônimos de humanização, mas não é bem assim. 

O parto pode ser humanizado e em ambiente hospitalar, com práticas respeitosas e seguras.

Há medidas que também podem ser adotadas em uma cesariana que a qualificam como humanizada.

Embora seja uma cirurgia, na cesariana não é preciso deixar de lado o calor e o amor que mãe e o bebê precisam trocar nos primeiros instantes dessa relação. 

E para tornar isso possível, alguns cuidados são adotados antes, durante e após o parto como:

  • Anestesia com segurança, sem sedação e sem mãos amarradas, para a mulher abraçar o seu bebê
  • Possibilitar o contato pele a pele entre mãe e bebê após o nascimento
  • Respeito à hora de ouro(primeira hora pós-parto)
  • Espera no corte do cordão umbilical (até que ele deixe de pulsar para o bebê receber o sangue contido na placenta)

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E quais as vantagens de se ter um parto humanizado?

Para os bebês, sabe-se que com menos estresse e uso de medicamentos envolvidos no processo, o risco de complicações tende a diminuir. 

Nascer em um ambiente de harmonia e respeito também é essencial para promover um vínculo saudável com a mãe nesse começo de vida.

Para a mulher, o maior conforto e apoio emocional neste momento, podem gerar uma percepção totalmente positiva do parto. 

Sem o uso desnecessário de intervenções médicas, a parturiente tende a ter também uma recuperação muito mais rápida e sem complicações.

Propiciar a experiência do parto humanizado a uma mulher, é garantir o respeito aos seus diversos aspectos culturais, individuais, psíquicos e emocionais.

É importante salientar que, esperar o trabalho de parto começar e a criança vir ao mundo naturalmente é considerado o método de nascimento mais seguro. 

O processo pode demorar muitas horas, porém terá como limite o bem-estar e a segurança materna e fetal. 

E sempre que ela estiver ameaçada, será preciso intervir.

Enfim, o parto é humanizado é um direito da mãe e se for da sua vontade ela pode escolher sim a maneira que mais se sentir confortável e segura para o nascimento do seu bebê. 

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)


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