Hoje eu quero conversar um pouco mais com você sobre a síndrome dos ovários policísticos.

Ela é uma doença bastante comum, mas não é muito bem compreendida, o que pode gerar muitas dúvidas em torno do tema.

Por isso é importante deixar claro que ter os ovários com características não é sinônimo de ser portadora da síndrome do ovário policístico (SOP). 

Essa diferença também altera o tratamento.

Por volta de 20% das mulheres, ao fazerem um ultrassom, apresentam vários cistos no ovário. 

No entanto, a síndrome em si só é diagnosticada se além dos cistos nos ovários, há aumento de hormônios masculinos no corpo da mulher e um ciclo menstrual irregular

Em alguns casos a paciente pode ter SOP e não apresentar vários cistos no ovário.

Por isso que existe uma combinação de critérios para se encaixar dentro de um diagnóstico de SOP.

E é justamente sobre esses tópicos que nós vamos conversar aqui.

O que é, o que causa, como é o diagnóstico e quais os tratamentos para as mulheres portadoras de SOP.

O que é a Síndrome dos Ovários Policísticos?

Essa é uma doença que acomete, aproximadamente, entre 5% e 13% das mulheres em idade reprodutiva.

Estima-se que no Brasil haja 2 milhões de mulheres com essa condição.

A Síndrome do Ovário Policístico, também conhecida pela sigla SOP, é um distúrbio endócrino que provoca alteração dos níveis hormonais, levando à formação de cistos nos ovários que fazem com que eles aumentem de tamanho.

Ela se caracteriza pela menstruação irregular, alta produção do hormônio masculino (testosterona) e pela presença de microcistos nos ovários.

O sintomas apresentados nas mulheres que têm SOP são:

  • Alterações menstruais

Em geral, as menstruações são espaçadas e a mulher menstrua apenas poucas vezes por ano ou não menstrua, quando sangra o fluxo costuma ser intenso.

  • Hirsutismo

Que é o aumento dos pelos principalmente no rosto, seios e abdômen.

  • Obesidade

Uma tendência à obesidade, onde o ganho de peso piora a síndrome.

  • Acne

A SOP gera uma maior produção de material oleoso pelas glândulas sebáceas.

  • Infertilidade
  • Queda de cabelo
  • Depressão

Quais as causas da Síndrome dos Ovários Policísticos

Ela costuma surgir quando a hipófise, a glândula que regula a produção hormonal, acaba estimulando a liberação em excesso de andrógenos, os hormônios masculinos.

Com isso, o amadurecimento dos óvulos, processo que ocorre todo mês, é comprometido. 

Quando a célula reprodutiva feminina não se desenvolve como deveria, vira um folículo enrijecido, que fica preso na região. 

É o famoso cisto no ovário.

Portanto, a aglomeração de cistos (em conjunto com o excesso de hormônios masculinos) pode impedir a formação de óvulos saudáveis e, consequentemente,  alterar ou interromper o ciclo menstrual, levando à infertilidade. 

Por trás da síndrome do ovário policístico muitas vezes está a resistência à insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas e responsável pelo controle do nível de açúcar no sangue. 

O desequilíbrio nessa produção pode desencadear o diabetes tipo 2

E os níveis de glicose muito elevados prejudicam os ovários, que passam a gerar mais andrógenos do que estrógenos, os hormônios femininos. 

Ou seja, a SOP é um indicativo de desequilíbrio no organismo, onde diversos metabolismos estão alterados, principalmente o do açúcar.

Não é regra, mas é necessário ficar atenta, pois os primeiros sinais da SOP costumam aparecer ainda na adolescência. 

A Síndrome dos Ovários Policísticos tem tratamento?

O diagnóstico é feito pela avaliação do ciclo menstrual, pelo ultrassom transvaginal, exames de sangue para dosagem de hormônios podem ajudar em algumas situações e pela avaliação dos sintomas que a paciente apresenta.

É bom ressaltar a importância de um diagnóstico precoce e acompanhamento, pois mulheres com SOP podem ter algumas complicações e aumentam o risco de ter câncer endometrial.

O principal tratamento para a SOP é a mudança de estilo de vida

Ter uma alimentação saudável, pobre em carboidratos, realizar atividade física e reduzir o peso corporal causam um enorme impacto positivo e pode ser suficiente para controlar a síndrome.

Podem ser utilizadas medicações que ajudam a melhorar a resistência insulínica para o manejo da SOP.

A pílula anticoncepcional é ótima para normalizar o ciclo menstrual e diminuir a produção de hormônios masculinos, controlar os sintomas de acne e hirsutismo e prevenir contra o câncer de endométrio, mas é importante lembrar que ela não cura a SOP.

Quando há dificuldade para engravidar, a ovulação também pode ser induzida para assim, facilitar a concepção.

Caso o medicamento ou tratamento não dê resultados, existe a possibilidade de cauterização laparoscópica dos cistos. 

Enfim, por isso oriento sempre que consulte regularmente seu ginecologista. 

Não deixe de fazer os exames ginecológicos e outros que ele possa indicar, tá bem?!

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)


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