Gravidez não planejada é aquela que não foi programada pelo casal ou pela mulher. 

De acordo com a pesquisa do Nascer no Brasil: Inquérito Nacional Sobre Parto e Nascimento¹, 55,4% das mulheres não planejaram sua última gestação. 

Os grupos em que isso mais ocorre são os das adolescentes, usuárias de drogas e portadoras de doenças crônicas. 

Isso está relacionado à pequena quantidade de mulheres que usam métodos altamente eficazes (por exemplo, DIUs, ou implantes hormonais) e que não dependem da memória da usuária.

Os campeões são a pílula e o preservativo, métodos mais sujeitos ao uso incorreto — não há como garantir a eficácia da pílula em caso de esquecimento ou má adesão. 

Não à toa, ela e a camisinha apresentam cerca de 20 vezes mais falhas que os DIUs e implantes.

Planejamento familiar

Uma gestação não planejada nem sempre significa um filho não desejado, mas muitas vezes significa exatamente isso: descobrir-se grávida em um momento que a mulher considera completamente inadequado.

Poder decidir quando e com quem queremos ter filhos, o chamado planejamento familiar, é um direito garantido por lei e que muitas vezes está inacessível a muitas mulheres, por diversos motivos. 

Falta de acesso a um ginecologista, vergonha de procurar um especialista (o que às vezes também é desestimulado pelas famílias, no caso das mães adolescentes).

Ou até o desconhecimento do fato de que antes de se iniciar a vida sexual meninos e meninas precisam de orientação não apenas sobre métodos anticoncepcionais, mas também sobre a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis

Estes são alguns dos motivos que fazem com que o índice de gravidez indesejada no país ainda seja maior que a média internacional de uma gravidez planejada.

Como lidar com uma gravidez não planejada?

Questionamentos como “será que vou dar conta?” ou então “como vai ficar o meu trabalho? E a minha casa? E o meu marido? Como vou cuidar de tudo?” 

São naturais e quase automáticos, mas também revelam uma característica cada vez mais evidente nas mulheres atuais: querer ter tudo sob seu controle. 

E se tem uma sensação que a gravidez provoca é a de, justamente, não se estar no controle do que vem pela frente, isso acontece com praticamente todas.

Só que para aquelas mulheres que, podem até sonhar em ter filhos, mas acreditam que sua fase atual não é o melhor momento para isso – seja por conta dos estudos ou trabalho –, o susto é ainda maior. 

Quando a gravidez não é planejada, essa mulher pode levar mais tempo para processar todas as novas informações e talvez, por um tempo, se sinta triste e com medo.

O que acontece?

A gravidez não planejada pode trazer uma série de mudanças

  • Alterações no corpo não desejadas
  • Mudanças na casa e na rotina em um momento não esperado 
  • Aumento dos cuidados com a saúde durante a gestação, até porque os cuidados pré gestacionais não existiram 
  • Interfere no estabelecimento do vínculo com o bebê 
  • Interfere na decisão de amamentar
  • Aumenta a chance de a mulher desenvolver depressão pós-parto

Gravidez não planejada na adolescência 

As adolescentes têm maior risco de uma gravidez não planejada, em grande parte devido a fatores socioeconômicos, que dificultam o acesso a contraceptivos e às informações sobre sexualidade. 

Além disso, a adolescência é um período propício a desafios e novas descobertas. 

É muito comum os adolescentes pensarem que tudo pode acontecer com os outros, não com eles. 

Ter um filho nesta fase da vida pode trazer alguns riscos já que o corpo da mãe pode não estar completamente maduro, ou seja, não está pronto para gerar um bebê. 

Além das transformações biológicas e psicológicas, a gravidez não planejada na adolescência é a razão de muitas evasões escolares.

Importância da educação sexual

A educação sexual para criança e adolescente não é ensinar fazer sexo.  

A sexualidade da criança é diferente da do adulto e o foco é o conhecimento do próprio corpo. 

Muitos associam a sexualidade como sinônimos de relação sexual. 

Conversar com a criança sobre a sexualidade não estimula a prática sexual precoce, muito pelo contrário.

A educação sexual leva à criança a entender os aspectos de intimidade, privacidade, autoproteção, consentimento, integridade corporal, sentimentos e a diferença entre toques agradáveis e consentidos daqueles invasivos e desconfortáveis. 

De fato, inúmeras dúvidas surgem a respeito de como incorporar a educação sexual em casa e nas escolas já que, essa iniciativa tende a ser taxada como inapropriada. 

Porém, o que devemos entender é a existência de conceitos apropriados para informar sobre sexualidade com crianças e adolescentes, de acordo com a faixa etária e com o estágio de desenvolvimento.

Uso incorreto dos métodos contraceptivos

De acordo com a pesquisa do Nascer Brasil (citada mais acima), 1 em cada 10 mulheres que não desejam engravidar, 8 estão em uso de algum anticoncepcional.

Esses dados fazem a gente acreditar que existe uma boa cobertura nas táticas de contracepção, mas, se boa parte já usa algum método, porque engravidam?

A resposta tem relação com vários fatores, mas o principal é em relação ao alto índice de mulheres que usam anticoncepcional oral, pois o índice de falha é muito mais elevado quando comparado ao DIU e ao implante.

O problema não está relacionado ao contraceptivo oral ser ineficaz, pelo contrário, ele é muito eficaz(mais de 99%), quando usado de forma CORRETA.

A pílula oral pode apresentar cerca de até 9% de taxa de falha² se tomada incorretamente.

Se para a mulher, manter uma rotina correta do uso do anticoncepcional oral é muito difícil e de fácil esquecimento, é muito importante que ela saiba quais são as outras opções disponíveis para ela.

O DIU, por exemplo, é altamente eficaz e não precisa ser lembrado sobre o seu uso correto todos os dias, além de ser uma ótima opção para mulheres que não planejam ter filhos em um curto prazo e para adolescentes que iniciaram a vida sexual.

Mas é importante frisar que nenhum método é 100% eficaz, mas alguns são mais “fáceis” de utilizar e não dependem que a mulher “garanta” que ele funcione corretamente todos os dias.

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)

Categorias: Mamãe e Bebê

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