Todo mundo concorda que as redes sociais mudaram a forma como as pessoas se relacionam na internet, não dá pra negar. 

Para as mamães de primeira viagem, então, mudou a forma como elas tiram dúvidas e compartilham experiências sobre essa nova fase.

Mas, ao mesmo tempo que as redes sociais ajudam, elas também as fazem sentir cada vez mais inseguras.

Um estudo realizado pela Refinery29 com mais de 500 mulheres canadenses revelou que 82% das mães entrevistadas admitiram se comparar a outras mães pelas redes sociais e 69% disseram ter inseguranças sobre como encaram a maternidade.

Além disso, 39% das mães pesquisadas não estão satisfeitas com seu corpo pós-parto, 38% acreditam que outras famílias se divertem mais do que as suas e 30% acham que outras mães têm mais tempo para si mesmas do que elas.

Esses dados refletem o quanto as redes sociais podem influenciar na nossa saúde mental. 

Vida real x Redes Sociais

A insatisfação com o corpo é algo recorrente na sociedade, principalmente entre as mulheres vítimas do padrão de corpos inalcançáveis.

Essa busca incessante adiciona mais exaustão às múltiplas jornadas que as mulheres enfrentam, ainda mais com as que passam pelo puerpério. 

As redes sociais intensificaram a pressão estética sobre os corpos que acabaram de viver e sentir a experiência do parto. 

As mudanças que o corpo passa com a gravidez são normais e comuns, por mais que o mundo irreal existente nas redes sociais mostre o contrário. 

Afinal de contas, para o corpo conseguir gerar uma vida, uma série de transformações são necessárias

Insegurança e medo dos julgamentos

Passando a maior parte do tempo em casa, cuidando do filho recém nascido, a puérpera acaba passando mais tempo usando as redes sociais e, consequentemente, consumindo mais conteúdo online. 

Apertar o botão de “seguir” pode ser uma armadilha quando se tem uma rotina de acompanhar perfis que mostram supostas vidas perfeitas.

O que não faltam são perfis de mulheres que voltaram “magicamente” à forma física anterior ainda no puerpério, que não enfrentaram desafios durante a amamentação, que tem falas que ignoram a complexidade da construção do maternar, e por aí vai. 

Isso sem falar da quantidade de haters, apenas esperando a mãe postar algo para fazer julgamentos e dar conselhos que não foram solicitados. 

Pensamentos comuns como: “Se aquela ‘influencer’ voltou a ter a barriga negativa em 15 dias, por que eu não consigo pelo menos servir no meu jeans antigo?” acabam se tornando cada vez mais rotineiros.

E apesar desse tipo de comparação ser comum, não é nada saudável e impacta diretamente na saúde mental das mulheres. 

Ninguém tem um puerpério perfeito, isso é uma mentira que infelizmente as redes sociais passam.

Como identificar o conteúdo saudável?

Nem sempre é fácil conseguir diferenciar um relato realista e saudável de um enganoso e inalcançável.

Saiba que cada experiência é única. O seu puerpério é seu. E cabe somente a você definir de que forma quer passar por ele.

Se apoie em quem realmente está do seu lado, te ajudando sem julgamentos ou críticas.

Cuide da sua saúde, cultive o amor próprio, invista em si mesma e consuma conteúdos de qualidade que só agregam valor a esse processo. 

Cultivar hobbies também é positivo para o bem-estar mental e físico.

A rotina com um bebê é puxada, mas a mãe precisa, nem que seja por 10 minutos, fazer algo que goste. 

Se por um lado, as redes sociais podem ajudar uma mãe passando por dificuldades no puerpério, elas também podem ser cruéis e julgadoras como bem sabemos. 

Com o tempo e a vivência, é possível ir se desvinculando do que é negativo, aprendendo a filtrar os julgamentos e o grau de exposição, sem medo de apertar o “unfollow”. 

Se manter com a mente mais fortalecida e com hábitos online mais saudáveis contribui para melhorar a relação com o bebê e consigo mesma.

Aproveitar o lado positivo, de mais apoio e menos dependência,vai te ajudar a entender e aceitar que esse período é necessário e só vai te proporcionar momentos de aprendizado e de fortalecimento na construção do seu maternar.

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)


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