Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina.

Ele fica atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa mais comum de morte de mulheres por câncer no Brasil. 

Só em 2020 foram estimados cerca de 16.710 novos casos da doença e 6.627 mortes.

O que é?

O HPV é um tipo de vírus bastante comum na população, o que não deveria, pois a prevenção é simples e ainda existe vacina para proteger.

A maioria das mulheres será exposta a este agente durante suas vidas sexuais, porém a infecção é de forma transitória.

Na maioria das vezes o próprio organismo tem a capacidade de eliminar o vírus num período que varia de seis meses até dois anos

Mesmo que ocorra o desenvolvimento de alguma lesão, o próprio sistema imunológico pode “curar”, sem nenhum tratamento. 

Em cerca de 10% dos casos, onde a imunidade não conseguiu reagir à presença do vírus, pode ocorrer a persistência da infecção, com evolução para lesões de maior gravidade. 

Existem mais de 150 tipos de HPV, cerca de 40 são habitantes da região genital e 15 são mais agressivos, chamados oncogênicos (cancerígenos). 

Os HPV não agressivos, ou não oncogênicos, ocasionam as verrugas genitais, ou condilomas, que são lesões benignas sem risco de evolução para câncer. 

Já outros tipos, os que causam câncer, apresentam uma história longa desde suas lesões iniciais até desenvolvê-lo de fato, o que pode levar até 10 anos entre o início da infecção até o aparecimento do câncer.

Mas, se diagnosticado precocemente, principalmente nas lesões iniciais ou pré-cancerosas (intraepiteliais), pode ser curado em 100% dos casos.

A vacina contra o HPV previne o câncer de colo do útero?

Sim! Já falamos sobre este assunto lá no Instagram, inclusive mulheres que já tiveram HPV também devem se vacinar.

Essa é uma dúvida bem comum. Muitas mulheres pensam que só porque já tiveram, não adianta mais se vacinar. 

A vacina não vai protegê-la mais em relação ao tipo de HPV que ela já foi infectada, mas vai proteger contra todos os outros tipos que ela ainda não teve contato.

É muito importante que isso fique claro!

A prevenção contra o câncer de colo de útero é feita a partir de cuidados para evitar a infecção pelo HPV. 

Isso implica no uso de preservativo durante as relações sexuais, mesmo se a mulher já é vacinada.

A vacina protege contra as infecções de HPV, mas não de outras ISTs, como HIV, gonorreia e sífilis, por exemplo.

Quais os sintomas devo estar atenta?

Em fases iniciais, o câncer de colo de útero é assintomático, ou seja, não apresenta sintomas. 

Mas, quando seus sintomas começam a aparecer, em estágios mais avançados, os mais observados são:

  • Sangramento vaginal, principalmente após as relações sexuais e nos intervalos entre as menstruações
  • Corrimento vaginal de coloração escura e com mau cheiro
  • Massa palpável no colo do útero
  • Hemorragias
  • Dores lombares e em abdome
  • Obstrução de vias urinárias e intestinais
  • Perda de peso e apetite

Uma doença silenciosa

Mas, Dra., se é uma doença silenciosa, como vou saber que tenho para fazer o tratamento no início?

Por isso é muito importante fazer o Papanicolau(ou citopatológico ou preventivo ou pré-câncer) com uma frequência adequada.

Somente dessa forma é possível identificar o câncer lá no inicinho e começar o tratamento.

Alguns fatores favorecem o aparecimento dessa doença:

  • Sexo desprotegido com múltiplos parceiros
  • Início da vida sexual precocemente e sem orientação básica sobre prevenção de ISTs
  • Tabagismo
  • Multiparidade(várias gestações)

Como funciona a vacinação pelo SUS?

A vacina do HPV é oferecida gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos, e meninos de 11 a 14 anos.

Além disso, o SUS também oferece a vacina do HPV para meninas e mulheres de 9 a 45 anos, e meninos e homens de 9 a 26 anos, que tenham HIV ou AIDS, ou que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer. 

No entanto, nesses casos é necessário a apresentação de prescrição  médica.

A vacina oferecida pelo SUS é a quadrivalente, que protege contra os 4 tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil, e age estimulando a produção de anticorpos necessários para combater o vírus. 

No entanto, a vacina não trata a infecção pelo HPV, e neste caso, deve-se fazer o tratamento do HPV indicado pelo médico.

Essa vacina não é indicada para o tratamento de infecção ativa pelo HPV, nem para tratamento do câncer do colo do útero, vulva ou vaginal. 

No entanto, adultos ou adolescentes que já tiveram infecção pelo HPV podem tomar a vacina, pois ela protege contra outros tipos de vírus do HPV, como já falei mais acima.

Como funciona a vacinação particular?

A vacina também pode ser tomada por pessoas com idades superiores, entretanto, são apenas disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares. 

Ela está indicada para:

  • Meninas e mulheres entre 9 e 45 anos se for a vacina quadrivalente (Gardasil), ou qualquer idade acima dos 9 anos, se for a bivalente(Cervarix)
  • Meninos e homens entre 9 e 26 anos, com a vacina quadrivalente(Gardasil)
  • Meninos e meninas entre 9 e 26 anos com a vacina nonavalente(Gardasil 9) 

Essas vacinas têm como objetivo estimular o organismo a produzir anticorpos contra o vírus do HPV, ajudando a prevenir a doença. 

Quem não pode tomar

A vacina do HPV não deve ser administrada em caso de:

  • Gravidez, mas pode ser tomada logo após o nascimento do bebê, sob orientação do seu obstetra
  • Alergia aos componentes da vacina
  • Febre ou doença aguda
  • Redução do número de plaquetas e problemas de coagulação sanguínea

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)


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