O surgimento de hipotireoidismo na gestação pode acarretar uma série de problemas, não só para a mãe, mas também para o feto e é bem comum em mulheres na idade reprodutiva e durante a gestação.

Os hormônios produzidos pela tireoide (T3 e T4) são fundamentais para a gestante e o bebê, e para o desenvolvimento neurológico da criança, é importante que os níveis desses hormônios estejam adequados. 

No início da gravidez, o bebê depende totalmente do hormônio materno, pois a tireoide do feto só começa a se formar a partir da 8ª semana de gestação. 

Além disso, o hipotireoidismo pode diminuir as chances de engravidar, já que as alterações dos hormônios reprodutivos da mulher fazem com que nem sempre ocorra ovulação e período fértil.

Por isso da grande importância do acompanhamento do pré-natal e também da consulta pré-concepcional.

Quais as causas do hipotireoidismo na gestação?

A principal causa de hipotireoidismo na gestação, no Brasil, é a tireoidite crônica autoimune (tireoidite de Hashimoto). 

Neste caso, anticorpos produzidos pelo nosso sistema imune “atacam” a tireoide, ocasionando inflamação e destruição da glândula.

“A gestação induz mudanças fisiológicas na função tireoidiana materna. 

Além disso, a presença de autoimunidade tireoidiana ou de deficiência de iodo exacerbam essas alterações, podendo resultar em hipotireoidismo materno e/ou fetal e desta forma ocasionar complicações para as mães e o desenvolvimento dos fetos.” 

(Hipotireoidismo na gestação – Scielo)

Vários estudos têm demonstrado que filhos de mães com hipotireoidismo não tratado durante a gestação, podem apresentar comprometimento do desenvolvimento intelectual

Por isso, recomenda-se também que as mulheres com diagnóstico prévio de hipotireoidismo devem ser aconselhadas a estabilizar a sua doença antes da gestação e assim prevenir complicações.

As complicações maternas incluem:

  • Maior incidência de anemia
  • Hemorragia pós-parto
  • Descolamento prematuro de placenta 
  • Pré-eclâmpsia 
  • Hipertensão
  • Aborto

Entre os fetos de mães com hipotireoidismo não tratado, temos:

  • Maior incidência de desconforto fetal no parto
  • Prematuridade
  • Baixo peso
  • Malformações congênitas e morte
  • Redução do QI (quociente de inteligência) ao longo da vida

Quais os sintomas do hipotireoidismo na gestação?

Embora alguns sinais e sintomas de hipotireoidismo possam ser confundidos com aqueles apresentados por mulheres grávidas saudáveis (fadiga, ganho de peso, sonolência e constipação intestinal), outros, como intolerância ao frio, bradicardia (batimentos cardíacos lentos) e pele seca, são mais específicos e, quando presentes, aumentam a suspeita diagnóstica.

No entanto, a maioria das mulheres com hipotireoidismo podem não apresentar qualquer sintoma

Por essa razão, os testes de função tireoidiana são essenciais para o diagnóstico.

Hipotireoidismo pode causar infertilidade?

Infertilidade não, mas ele pode, sim, dificultar a gravidez, como falei mais acima, porque pode alterar o ciclo menstrual e influenciar na ovulação, fazendo com que não aconteça a liberação do óvulo. 

Assim, para engravidar mesmo tendo hipotireoidismo, deve-se manter a doença bem controlada, fazendo exames de sangue para avaliar os níveis de hormônios e fazendo corretamente o tratamento recomendado pelo médico. 

Ao controlar a doença, os hormônios do sistema reprodutor também ficam mais controlados e, após cerca de 3 meses, já é possível engravidar normalmente. 

No entanto, é preciso continuar fazendo exames de sangue regularmente, para avaliar a necessidade de ajustar os medicamentos e respectivas doses.

Como funciona o tratamento para hipotireoidismo?

Durante a gravidez, as mulheres portadoras de hipotireoidismo devem ter a sua dose diária de T4 aumentada. Não é bom para o desenvolvimento do bebê se o T4 estiver baixo. 

Em mulheres que engravidam durante o tratamento de hipotireoidismo a dosagem do hormônio pode prejudicar o bebê?

O ideal é que a mulher hipotireoidiana tenha a gravidez planejada e engravidem com concentrações normais de T4 no sangue. 

O hipotireoidismo, quando bem controlado, não traz qualquer prejuízo ao feto.

A mulher que está amamentando pode continuar fazendo sua reposição de hormônios da tireoide sem causar danos ao bebê?

Sim. A mulher hipotireoidiana poderá amamentar o bebê sem qualquer problema, mas deverá ajustar a dosagem da medicação, de acordo com as recomendações médicas.

Após a gestação, a mulher não pode abandonar o tratamento, apesar de, em alguns casos, os níveis da tireoide voltarem ao normal após a gravidez. 

Mas, vale a atenção da gestante e o acompanhamento clínico, pois o risco de novo problema na glândula é maior.

Dra. Laura Roehe Costa

Médica Ginecologista e Obstetra

CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382

(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)


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