O Aborto espontâneo ou perda gestacional é sempre um momento muito delicado para a mulher, pois lidar com a perda precoce do bebê pode gerar vários transtornos físicos e emocionais.
Engravidar e perder o bebê nos primeiros meses de gestação é bastante frustrante para o casal.
Dependendo da idade, estima-se que pelo menos 25% das mulheres já sofreram o drama de perder um filho em um aborto espontâneo.
Para essas mães, o desafio se torna ainda maior quando acontece mais de uma vez consecutiva.
No Brasil, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que aconteça perda gestacional em pelo menos 10% das gestações.
Existem alguns fatores que podem desencadear um aborto espontâneo e é normal que mulheres que já tenham passado por essa situação fiquem com medo de não conseguir engravidar mais.
Então vou explicar aqui quais fatores são esses e se é possível ou não a mulher ter uma gestação saudável após uma perda gestacional.
O que é o aborto espontâneo?
O aborto espontâneo acontece quando há interrupção da gravidez antes que o embrião ou o feto tenha viabilidade, sem nenhuma interferência externa.
A OMS considera abortamento quando a gestação é interrompida antes de 20 semanas.
Cerca de 80% das perdas gestacionais ocorrem no 1º trimestre da gravidez, segundo dados da Febrasgo(Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia).
Os principais fatores de risco são:
- Idade materna avançada;
- Histórico de perda gestacional anterior;
- Alterações na tireóide;
- Distúrbios metabólicos(obesidade);
- Síndrome antifosfolípide(trombofilia);
- Infecções;
- Anomalias anatômicas;
Nos casos em que o médico não identifica uma causa para o problema, pode-se acrescentar mais algumas orientações relacionadas aos hábitos e estilos de vida.
É recomendado melhorar a alimentação, não fumar, não usar drogas, evitar exposição a agentes químicos e agrotóxicos, evitar o álcool e controlar o peso.
Vale destacar que o repouso excessivo pode piorar o quadro ou provocar uma trombose.
É recomendado fazer repouso relativo nos casos de sangramento genital durante a gravidez e ameaça de abortamento.
Em cerca de 70% dos casos, o aborto é causado por uma anomalia cromossômica no embrião.
O aborto pode acontecer sem que se apresente sinais, por isso é importante que a gestante esteja alerta para qualquer indício de que algo não está bem.
Em situações mais graves podem ocorrer sintomas, como:
- Fraqueza;
- Tontura;
- Sudorese;
- Perda de consciência.
Quando há dor abdominal contínua, sangramento de odor fétido, calafrios e febre, pode ser que a paciente esteja com alguma infecção.
Já uma ameaça de aborto pode ser percebida se houver sangramento, em quantidade pequena ou moderada, e dor abdominal semelhante a cólica, sem grande intensidade.
Em todas as situações acima a mulher deve procurar atendimento médico especializado, assim que possível e seguir as orientações passadas.
Leia também sobre Parto Humanizado.
O que fazer quando acontecer o aborto espontâneo?
É essencial que após o aborto, no atendimento médico, sejam disponibilizados alternativas para o tratamento e para o alívio da dor.
Uma correta orientação e uma rede de apoio pode auxiliar a mulher a lidar com o luto da perda.
Cada mulher lida com a sua dor da maneira que consegue.
Muitas seguem em frente com esperança de sucesso na nova tentativa e muitas passam por um luto profundo e têm dificuldades em lidar com a possibilidade de uma nova gestação.
É importante nunca subestimar a situação. Oferecer apoio emocional e compreender o processo pode fazer uma imensa diferença na superação de uma perda.
Quanto a necessidade de condutas específicas, como curetagem, aspiração, medicamentos e antibióticos, vai depender do quadro específico de cada paciente.
Algumas mulheres podem sofrer sequelas e apresentar indícios de consequências emocionais graves.
Leia também sobre Diabetes Gestacional.
É possível engravidar novamente?
Depois que a perda gestacional é superada é possível que a mulher queira sim engravidar novamente.
É possível engravidar novamente, desde que não tenha acontecido, na gestação anterior nada que impeça uma nova.
O ideal é aguardar pelo menos dois ciclos menstruais completos antes de tentar engravidar para que o endométrio(tecido que reveste a parede do útero) possa se refazer.
Ele é o responsável pela fixação do embrião, e pode ter a espessura diminuída logo após um aborto espontâneo, condição conhecida como endométrio atrófico, que aumenta o risco de outro abortamento.
Além disso, é indicado esperar pelo menos duas semanas para voltar a ter relações sexuais, pois esse intervalo reduz o risco de infecção.
O fato de ter tido um aborto espontâneo não significa que você ou seu parceiro tenham problemas de fertilidade, tá bem?!
Se acontecerem duas ou mais perdas gestacionais é indicado investigação para tentar identificar provável causa e tentar revertê-la.
Nesse momento, para que dessa vez as chances de que tudo ocorra da melhor maneira possível as orientações médicas são focadas na saúde materna.
E então é iniciada uma preparação para a futura gestação, com acompanhamento médico, suplementação adequada e o que mais for necessário.
Para mulheres que não desejem engravidar após o aborto é importante se informar sobre qual o melhor método de contracepção.
Nesse caso, tanto um dispositivo intrauterino(DIU) quanto um contraceptivo oral podem ser boas escolhas.
Se você já passou por uma situação desse tipo, lembre-se, você não está sozinha.
Se você se sentir disposta a conversar sobre o assunto, encontrará muitas histórias semelhantes e muitas famílias que sofreram essa mesma dor e isso pode ajudar na sua maneira de encarar esse processo.
Dra. Laura Roehe Costa
Médica Ginecologista e Obstetra
CRM 41277 RS | RQE 36270 | TEGO 2884382
(Conteúdo informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)
0 comentário